segunda-feira, 14 de março de 2011

Dependentes, ser ou não ser?


Cautela é a palavra de ordem quando o assunto é ser ou não dependente. Direto da vida real, a ficção adapta esta problemática num registro misto de sexo e dinheiro, o filme Bruna Surfistinha traz para seus espectadores a história de Raquel Pacheco, menina de classe média, que abandona sua família para ser garota de programa, tudo – segundo ela – em nome da sua independência. Assunto este que faz com que os olhos de grande parte da população brilhem esperançosos de serem um dia, autossuficientes, isto seria possível?

Revoluções em prol da independência financeira, territorial e até mesmo sexual foram e continuam sendo travadas. Ser independente é não depender, e isto, em determinadas situações da vida é impossível, como um exemplo a necessidade involuntária de ser social... Vivemos em comunidades e somos produto da cultura em que vivemos, fora da cultura o ser social não existe... Isto é ser dependente! Desde a etapa fetal até adultos somos dependentes de nossos pais, na amamentação (que nos nutre e imuniza), na proteção e apoio, quando damos os primeiros passos, e em todas as representações de mundo, na apresentação do que é certo e errado, do que é seguro e perigoso... Até mesmo quando atingimos maior idade continuamos dependentes afetivos destes que nos trouxeram a vida... Grande parte da população (pra não generalizar falando todos) um dia deseja encontrar uma companhia agradável, pra sempre ou até mesmo enquanto dure, não deixa de ser dependência, e como exemplo mais cabal a positividade da dependência: a perduração da espécie, que depende da relação, do ato sexual entre seres de sexos diferentes – talvez a dependência mais incontestável, certo? Você já pensou no quanto ser dependente nestas situações é vital?

Ser dependente ou independente em determinados nichos da vida é natural, ignorância é afirmar que são questões antagônicas (que se contrapõe)... A Independência no processo de democracia foi extremamente lucrativa a exemplo a “Independência da República”, quando o Brasil deixa de ser colônia de Portugal, pra ser um país livre; Outro grande marco foi à luta pela libertação - desta vez numa briga de cunho sexista – o feminismo, onde um grupo de mulheres insatisfeitas com as dicotomias dos sexos que pendiam sempre a favor do homem, fizeram greves, morreram queimadas, e quando vivas, queimaram o que para elas representava suas algemas nos fogões das cozinhas: seus próprios sutiãs. Citaria várias outras independências necessárias, como a financeira: quando se tem total controle das dívidas e autonomia nos gastos (independência ansiada pela Raquel Pacheco em “Bruna Surfistinha”), emocional: maturidade suficiente para saber equilibrar e racionalizar os sentimentos nas relações com amigos, namorados ou familiares, e até mesmo a independência espiritual: “quando sabemos dar vazão a nossa espiritualidade sem limitações”, palavras da escritora Lygya Maya em seu texto: “As independências e dependências do ser humano”.

Enfim, acredito que a busca hoje seja pela liberdade financeira, sentimental e espiritual, independência relacional – nunca. Ser livre nestes conceitos, é ser independente... Contudo vale prestar atenção para não dar ao gado ração para gato, fomentando uma confusão na qual duelam a ignorância e a arrogância, o que acontece com a personagem “Bruna Surfistinha” (ela se isola no mundo a procura da total independência quando percebe que para aquele caminho não havia saída, é quando ela decide parar e se casar com um “ex-cliente”. Como já dito antes, a existência humana, assim mesmo como nos comportamos, sentimos e falamos só se dá na sociabilidade, na comunidade (dentro da cultura, e dependendo dela), e é nela que se realiza, fora dela, seriamos como alguns animais irracionais, alguns, porque até mesmo grande parte destes vivem em bandos, não casualmente, um dependendo do outro.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Questões sobre: Pessoas em situação de rua

Talvez não seja assim tão ruim, morar na rua, por mais incrível que pareça não é o maior problema para os que vivem nesta condição. Para muitos destes viver sem compromissos e sem moradia fixa – é a grande sacada, e para alguns outros uma triste necessidade, todavia, o que torna esta condição um “problema” é a discriminação incutida no falsa–compaixão.

Há algum tempo venho lendo, e refletindo sobre este assunto, depois de algumas entrevistas com algumas pessoas em situação de rua, e assistentes sociais, percebi que o mal – para eles – não está em viver pelas praças e avenidas sem um endereço fixo com CEP e logradouro, em lugares onde pra nós servem somente como espaços interligados, e sim na maneira com a qual lançamos nossos olhares discriminatórios sobre os mesmos.

Existem ONGs e algumas políticas públicas para as pessoas em situação de rua, Vans de resgate circulam buscando reintegrar estas pessoas na comunidade, com ajuda psicológica e moradia em albergues e casas de apoio, onde é oferecido serviço, como tratamento de saúde, alimentação e oficinas ocupacionais... Porem elas não dão conta da demanda, há um levantamento do Ministério do Desenvolvimento Social e da agência Brasil, feito com base em 76 municípios, onde estima-se entre 0,6% a 1,0% o total de brasileiros que vivem nas ruas, o que dá entre 1,0 a 1,8 milhões de pessoas, maioria delas carentes de tratamento psicológico, as políticas públicas existem, sim, mas a demanda é maior que a oferta.

Porém, das pesquisas e entrevistas feitas, nota-se que muitas pessoas não querem sair da situação em que se encontram, muitas vezes pelos mesmos motivos, rejeição familiar, drogas, ou mesmo por opção, a rua enfim não seria a pior alternativa. A semelhança entre as pessoas que vivem em situação de rua vão além das roupas encardidas, e rasgadas, estendem-se principalmente a base familiar destes, que comumente é fragmentada e/ou débil, na maioria dos casos, formada por crianças e/ou adolescentes em fase de maturação psicológica, o que incide na perpetuação da ignorância e da miséria.

Contudo, o discurso de que são sofredores passivos, e que devemos a todo custo ajudá-los a sair de uma realidade cruel e desconfortável, é preconceituoso porque não vem de quem vive na rua, ele vem de quem acha que simplesmente supõe o que é não viver como si próprio, dentro de um cubo de concreto e telhado com contas a pagar... De quem não se sente confortável com uma realidade do outro, e tenta impor sua como única e insubstituível.

Existem fatores que dificultam a sobrevivência do indivíduo em situação de rua sim, como a inexistência de trabalho formal, conseqüentemente a falta de alimento, que resulta na debilitação física-imunológica do corpo que finda no seu mal funcionamento, tanto pra quem escolheu quanto para quem não teve opção de sair desta situação.

Enfim, quando fome, o racismo, e a miséria enfrentada pelo ser humano (que são os problemas sociais a serem discutidos) forem eximados da realidade do planeta, não só da Bahia nem do Brasil, passaremos a olhar para os nossos semelhantes de uma outra maneira – independentemente de onde residam, se em casa, nas ruas, na zona rural, na floresta ou nas favelas... sem descriminação ou pena – sentimentos dispensáveis, já que não ajudam em nada, só diminuem o outro e estraçalham qualquer estrutura psicológica, estando ela saudável ou não!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

sábado, 18 de setembro de 2010

Ponto de vista sobre a escrita dos jovens nas provas e concursos.

O que venho abordar aqui não é a história da escrita, de palavras “inalcançáveis”, tampouco de sentenças e/ou projetos as mazelas abarcadas pela pós-modernidade; trata-se de expressão e materialização de tudo aquilo que paira na mente de todo indivíduo, sobre “N” questões.

Q.I alto, ou baixo? Balela, nada disto procede na hora de uma boa escrita. O que acontece é muito simples, as pessoas são – infelizmente – mal instruídas. Na escola aprendi que escreve bem, quem sintetiza “soluções” a questões complexas até mesmo a mestres e doutores e sentencia como – mocinho ou vilão. Isto quando não nos era dado a “deliciosa” tarefa de desvendar fenômenos inexplicáveis até mesmo para a ciência.

Estes eram alguns dos motivos que me causavam tanta dor de cabeça e repulsa pelas páginas em branco, ávidas pela tinta da caneta as quintas-feiras de redações na época do colegial.

Aprendi com o tempo que – sim – a leitura enriquece nossa “caixa de ferramentas” que auxiliam na elaboração de estruturas textuais coesas e que elevar o teor dinâmico do que se escreve, garante a atenção! E o mais importante: que não temos obrigação de resolver ou sentenciar fatos e/ou pessoas. Neste caso, cabe ao escritor tão somente a tarefa de expor seu ponto de vista sobre o assunto sugerido.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

E O Disco Arranha Novamente.


Um assassinato: um jogador de futebol, uma advogada, uma “modelo” e alguns minutos na TV são necessários na compilação de um disco que “vira e mexe” arranha na estrofe: - ele é o culpado, ta na cara! A televisão brasileira parece esquecer seu papel, que é de informar – apenas, não julgar, sentenciar e estafar seus espectadores com detalhes de fatos que – felizmente – não convém a noventa e nove por cento da população.

Há algumas semanas dois acontecimentos vêm tendo hiper-exposição e repercussão, em qualquer canal que você mude, a qualquer hora do dia estarão lá: Novidades sobre o caso do goleiro Bruno e Elisa Samúdio e a morte da advogada Mércia Nakashima – acreditem, estes nomes surgiram sem que uma pesquisa prévia fosse feita. E em cima de fatos que dia-a-dia surgem são geradas “rodas” de debate sobre quem seriam os culpados e o porquê dos crimes. Penso que, tantos detalhes, inclusive os da perícia deveriam ser sigilosos, isto é, disponíveis somente a família dos envolvidos.

Infelizmente, tragédia no Brasil é o que vende; e quanto pior forem os detalhes desta, mais repercussão terá! E assombrosamente são os próprios familiares dos envolvidos que oferecem vez ou outra novidades sobre os fatos e andamento de processos; isto quando não são os próprios promotores e peritos que aparecem em Talk Shows dando detalhes das investigações e tudo mais.

Enfim, normal que programas de TV façam matérias sobre fatos que chocam e prendem a atenção de seus espectadores dado o nível de crueldade, todavia, detalhes são detalhes e tudo demais sempre é sobra. A percentagem da população citada na introdução (noventa e nove por cento), nada tem a ver com a morte de fulana ou com a prisão de cicrano... Não vos cabe julgar ou apontar os erros de outrem – advertia um antigo profeta. No mais se fossemos dar voz a tanta barbaridade, não faríamos mais nada da vida, e viveríamos nas sombras em função da morte.

sábado, 10 de outubro de 2009